Dr. Alberto Eustáquio Caldeira de Melo – Cardiologia Clínica
ESTENOSE PULMONAR
Introdução
Os folhetos da valva pulmonar recebem nomes de acordo com a sua distribuição topográfica, sendo um folheto anterior e dois folhetos posteriores, dos quais um à direita e outro à esquerda. A estenose pulmonar (EP) caracteriza-se por uma dificuldade de abertura eficaz dos folhetos valvares prejudicando o processo de ejeção ventricular direita. Corresponde a 7-10% de todas as cardiopatias congênitas, afetando cerca de 1 em cada 8.000 crianças.
Etiologia
A estenose pulmonar está presente desde o nascimento, sendo a causa congênita a mais comum e estando normalmente associada a outras alterações congênitas, como Tetralogia de Fallot, síndrome de Williams e síndrome de Noonam. A causa reumática é pouco freqüente e quando ocorre esta normalmente associada a outras valvas.
Fisiopatologia
Na estenose pulmonar congênita a valva pulmonar é formada por uma membrana em forma de cúpula, de espessura variada, com uma pequena abertura central ou excêntrica. Nos quadros de EP moderada a grave, o ventrículo direito tem de trabalhar mais para vencer o gradiente de pressão imposto pela válvula estenosada, podendo desenvolver hipertrofia de VD. Em alguns casos o VD não é mais capaz de lidar com essa carga de trabalho excessiva e acaba por diminuir a eficiência do bombeamento do sangue. O aumento da pressão para o átrio direito fará com que o retorno venoso fique prejudicado, ocorrendo retenção hídrica no corpo.
Achados Clínicos
-Sinais e Sintomas:
. Na EP leve a criança pode não apresentar sintomas.
. Respiração pesada ou rápida, dispnéia, fadiga, taquicardia, edema nos membros inferiores e face, oligúria e cianose
.A dor torácica pode acontecer devido à isquemia ventricular direita
-Exame físico:
. Pulsação hepática que reflete vigorosa contração atrial direita( EP grave)
. Abaulamento paraesternal direito (hipertrofia do VD)
. Turgência jugular
. Ausculta: Sopro sistólico mais bem audível sobre o foco pulmonar (2º espaço intercostal esquerdo), irradiando para a fossa supra-clavicular esquerda, para o pescoço ou para as costas. Manobras que aumentam o retorno venoso como uma inspiração profunda (Rivero-Carvallo), aumentarão também a intensidade do sopro.
Também pode-se encontrar B4 e hipofonese de B2.
Exames complementares:
-Radiografia de tórax:
.EP grave: aumento do ventrículo direito e átrio direito, redução da vasculatura pulmonar. A dilatação pós-estenótica do tronco pulmonar geralmente é evidente.
-Eletrocardiograma
.EP moderada à grave: desvio do eixo ventricular para a direita. Nos casos mais graves, uma morfologia em qR ou ainda em R puro nas derivações direitas com inversão da onda T são as alterações habitualmente presentes. As ondas P com amplitude aumentada (P pulmonale) nas derivações D2 e V1 são indicadores de aumento do átrio direito , comum na estenose pulmonar.
– Ecocardiograma
O Ecodoppler permite o rápido diagnóstico desta patologia, determina a localização e gravidade da estenose, assim como as possíveis associações com outras malformações.
Cateterismo cardíaco:
. Localiza a obstrução, a gravidade e a presença de outras malformações.
Tratamento Farmacológico
.Profilaxia para endocardite infecciosa
Tratamento CirúrgicoO procedimento de escolha para o tratamento da Estenose Pulmonar (EP) é a Valvuloplastia Pulmonar por Cateter-Balão (VPCB) em razão dos excelentes resultados em curto e longo prazos
Recomendação de Valvuloplastia Pulmonar por Cateter-Balão (VPCB) :
. Pacientes com EP sintomática (com pico sistólico entre o VD e a artéria pulmonar maior que 30mmHg)
. Pacientes assintomáticos com gradiente do pico maior que 40mmHg
O implante de bioprótese em posição pulmonar é recomendado quando houver indicação de intervenção e impossibilidade técnica de realização da VPCB.
.Substituição da válvula pulmonar: frequentemente recomendada para os adultos. Crianças terão de seguir a profilaxia antibiótica durante toda a sua vida
.
INSUFICIÊNCIA PULMONAR
Introdução
A Insuficiência Pulmonar (IP) caracteriza-se pelo ineficaz fechamento da valva pulmonar. Tal situação faz com que haja refluxo de parte do sangue que passou para a artéria pulmonar durante o período de ejeção ventricular direita.
Etiologia
A principal etiologia da IP é a hipertensão pulmonar, que pode ser primária ou secundária. Outras causas são: dilatação do anel valvar pulmonar, endocardite infecciosa, seqüela reumática, dilatação da artéria pulmonar (p.ex: Marfan) e após Valvuloplastia Pulmonar por Cateter-Balão (VPCB) ou mesmo após correção cirúrgica de estenose pulmonar. A etiologia congênita pode ser isolada, mas normalmente se apresenta associada a outras anomalias do coração, com a Tetralogia de Fallot, defeito no septo ventricular e à estenose da valva pulmonar.
Fisiopatologia
A insuficiência pulmonar isolada causa sobrecarga de volume no ventrículo direito, com consequente dilatação desta câmara. Os portadores dessa valvulopatia são normalmente assintomáticos até que se compliquem com o aparecimento da hipertensão pulmonar. Neste caso, a IP é geralmente acompanhada e agravada pela insuficiência ventricular direita.
Achados Clínicos
– Sinais e Sintomas:
Na maioria dos casos as manifestações clinicas da doença primaria são mais intensos e manifestos que da IP. As manifestações mais freqüentes são dispnéia, dor torácica, fadiga e demais sintomas de insuficiência de VD.
-Exame físico:
.O ventrículo direito é hiperdinâmico e apresenta pulsações sistólicas palpáveis na região paraesternal esquerda e dilatação da artéria pulmonar que costuma levar a pulsações sistólicas palpáveis no segundo espaço intercostal esquerdo.
. Ausculta:
-Estalido no segundo espaço intercostal esquerdo em pacientes com hipertensão pulmonar
-Pode haver amplo desdobramento de B2 (aumento do volume do VD).
-Ritmo de galope, B3 e B4 podem ser encontrados na região paraesternal esquerda.
-Sopro de ejeção mesossistólico em função da HAP, com maior intensidade no segundo espaço intercostal esquerdo. Na ausência de Hipertensão pulmonar, o sopro é grave, de baixa freqüência, curta duração,com padrão crescente-decrescente, mais bem audível no terceiro ou no quarto espaço intercostal esquerdo. O sopro de Graham-Steel na região paraesternal esquerda entre o 2º e o 3º espaço intercostal, decrescente, indica hipertensão pulmonar intensa, geralmente acima de 55 mmHg e ocorre devido ao jato regurgitante de alta velocidade em um anel dilatado.
Exames complementares
-Eletrocardiograma: na IP secundária a hipertensão pulmonar tem-se sinais eletrocardiográficos de hipertrofia do ventrículo direito com a morfologia do complexo QRS com padrão em QR ou R puro com ondas T invertidas; a onda P pulmonale (com amplitude aumentada) também pode ocorrer, indicando sobrecarga atrial direita. Na ausência de hipertensão pulmonar, muitas vezes surge no eletrocardiograma sinais que refletem a sobrecarga ventricular direita com complexos QRS de morfologia em rSR ou rSr nas derivações precordiais direitas. O bloqueio de ramo direito e o desvio do eixo para a direita são achados típicos.
-Achados radiológicos: aumento do ventrículo direito e da artéria pulmonar e opacidade do ventrículo direito após o uso de injeção de contraste no tronco da artéria pulmonar.
-Ecocardiograma: identifica a natureza, o local e a severidade da insuficiência . A Eco bidimensional revela dilatação do ventrículo direito. É perceptível uma movimentação anormal do septo interventricular, resultante da sobrecarga volumétrica. Determina também sinais de hipertensão pulmonar, como hipertrofia ventricular direita.
Tratamento Farmacológico
Na IP é raro a necessidade de um tratamento específico. Os glicosídeos cardíacos são úteis no tratamento de insuficiência ou dilatação de ventrículo direito. Normalmente, o tratamento da própria etiologia da IP melhora a regurgitação pulmonar.
Tratamento cirúrgico
.Há indicação de tratamento cirúrgico com substituição valvar nos pacientes com IP importante e sintomática e a substituição da valva é preferencialmente por prótese biologica ou aloenxerto pulmonar.
boa tarde doutor! fui diagnosticada na infancia com soprp cardiaco grau 4 e insuficiencua pulmonar ! doenca congenita, porem alem da fadiga e cancaco venho nos ultimos anos apresentando edemas na musculatura tanto nos nervos da perna como em casos raro no braco ! tenho tinho dores no peito tbm ! nunca tive uso de medicacao porem estou ficando preocupada! seria um caso de intervencao cirurgica?
Boa noite,
Desculpe a demora. Importante nova avaliação clinica inclusive com exames complementares para ver a real situação e definir a melhor conduta.
Att,
Alberto E C Melo